segunda-feira, 19 de abril de 2010

Reconstrução do Templo

Reconstrução do Templo


A vontade de construir a Casa de Deus pode ter surgido por muitos aspectos. Acho que o principal deles era o da referência. Quando o povo andava pelo deserto, acampados a beira do monte Sinai, depois do episódio do bezerro de ouro, com toda a misericórdia o Senhor pediu para que fosse constituído o seu santuário no meio do povo, que ficaria sobre a responsabilidade da tribo de Levi. Desde então o homem começou a entender melhor a expressão que dizia: ninguém jamais viu Deus. E de fato, Moisés o vira de relance. Porém o pavor tomou conta dele. E conta no livro do Exôdo que o povo ficou muito feliz por conta da graça de Deus para com eles.

O povo viveu muito tempo com o tabernáculo, até que nos dias do rei Davi se desencadeou uma vontade dos que habitavam na região de Jerusalém que Deus estabelecesse residência fixa alí. Tendo Davi como o principal idealizador dessa empreitada, o povo novamente voltou a sonhar que pudesse fazer alguma benfeitoria pra Deus. O argumento era cheio de boas intenções: vou te dar uma casa digna de ti, ó Deus, mais até que a minha. Só que não havia como Davi ser misericordioso para com Deus.

Então, veio Salomão substituindo a mentalidade carnal de seu pai Davi, e objetivou-se em construir o templo com um novo sentido: para que todo aquele, israelita ou estrangeiro, que precisasse de perdão, estendendo as suas mãos para Jerusalém, na direção do templo, encontrasse um Deus perdoador. O povo trabalhou arduamente, pagou impostos pesadíssimos na época, pois era uma obra muito cara, que tinha sua beleza estonteante.Tudo da melhor qualidade! Mais uma vez, uma grande festa e o povo ficou muito feliz pois a glória de Deus passou a habitar naquele lugar.

Salomão morreu, o reino rachou, a pesar do templo belíssimo a qualidade das ofertas já não era mais a mesma, já que o povo já não queria mais saber de ser perdoado. Fizeram cultos a ídolos domésticos, um reino foi-se cativo, e algum tempo depois, o outro. O templo já não era mais referencia de nada. Derribado servia apenas para o lamento de alguns profetas que choravam o fato do povo ter se distanciado tanto da vontade de Deus que era encontrar adoradores que caminhem em espírito e verdade.

Décadas depois, surge um novo sentimento no povo, gerado pelo espírito de Deus, de união, de acolhimento, de ensino que fez com que um grupo de pessoas gastasse o seu tão precioso tempo em reconstruir, não só o templo, mas a cidade de Jerusalém inteira, restaurando os domínios de Israel. Mas não durou muito tempo para que outro império surgisse e promovesse, desta vez, a profanação do maior símbolo da esperança no Eterno entre o povo judeu, e na sequência, outro império que, por interesses comerciais, erguesse um santuário descomunal, a fim de explorar aquela área riquíssima tanto pela estratégia geográfica, e pelo turismo religioso.

Até que Jesus disse para aqueles que deveriam zelar pelo coração do povo: "destruam este templo e eu o levantarei em três dias". (Jo 2. 19)

Somente com a ressurreição, os discípulos de Jesus entenderam que estava se referindo ao templo do seu corpo, e passaram a compreender as escrituras e na palavra dele enquanto disse "não façam da casa de meu Pai um mercado pois o zelo pelo que é dele me foi confiado".

Tendo Jesus falado do seu corpo, é lógico que ele estava se pronunciando ao fato de que ninguém chegava pra se colocar no altar de Deus. O sentimento de sofrer junto ao sacrifício já não era mais verdadeiro. Deus estava longe daquele lugar pois era raro alguém se apresentar ali com verdade. Foi mais fácil encontrar no gazofilácio.

A ocupação de Jesus sempre foi na inclusão do homem na presença de Deus. Nunca houve, em qualquer época, algo que explicitasse tão bem o desejo do Pai em estar próximo do homem, que o próprio Jesus. Curou doentes e mostrou a doença dos que se consideravam sadios; devolveu vista aos cegos e falou da cegueira incurável; fez mudos falarem e calou o leitor da sentença de condenação eterna; aos pobres foi anunciado a chegada do Reino de Deus e fez com que cada pessoa procurasse andar apenas com aquilo que cabe no coração para o beneficio do próximo. Este é o seu Evangelho.

Ele, enquanto templo, era a sua própria mensagem:

O tabernáculo do seu corpo alegra a todos os que estavam passando por seus desertos de alma. Pois basta apenas crer que tudo o que pode angustiar algém, serve para enxergarmos que, até o final, ele caminhou junto.

O templo do seu corpo é mais glorioso do que o que foi feito por Salomão porque Ele é a vontade do Pai para que todo aquele que, tendo nascido de Deus, saiba perdoar e caminhar perdoando, e quando for necessário, estender as mãos em abraços sinceros, de paz.

O templo do seu corpo não poderá ser mais destruído, nem reconstruído, porque todos as coisas é que existem por ele, são dele e para ele, que é o princípio e o fim do  caminho de quem busca viver na verdade.

O seu corpo é inegociável, para que todos entendam que o perdão chegou, e todos quantos quiserem viver por aquele que se entregou espontaneamente, por amor, tenham fé em crer no Pai que sempre dá o melhor desta terra.

A destruição do templo não é vontade do Pai, e sim a sua reconstrução, como obra redentora de Jesus, na compreensão de uma vida que se vive conforme o amor do Pai celeste.

Reconstruir é espalhar o amor do Pai na vida!

André Luiz
Estação Aracaju